quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O Quarto

Era um quarto. Mas não um quarto qualquer. As paredes, carregadas de lembranças, refletiam azul-tristeza. Nele, havia uma cama aconchegante, instrumentos musicais de corda, um pequeno espelho - comprado única e exclusivamente para a garota. Ao lado do espelho, havia um mural, expondo uma solitária carta; que fora presenteada pela menina. Havia, ainda, uma forte energia negativa e muito medo, pairando no ar. Porém, não era qualquer medo bobo, era, na verdade, um medo demasiadamente profundo.
Quieto, sentado em uma cadeira, olhando para a tela do computador; ele respirou fundo, contou até três, dezena de vezes, estalou os dedos - mania que ela, considerava agoniante, e por fim, digitou: "só não quero me desligar de você, de alguma forma". Do outro lado da tela, estava a garota. A distância, até então, nunca soara como um problema.
Vinte minutos. Os mais longos da sua vida. Ela, sem resposta, releu entre soluços, as palavras que causaram tudo aquilo...
“(...)
- Às vezes, parece que esquece o quanto tenho ciúmes de você, minha pequena.
- É que você nunca demonstra! Fica difícil saber.
- Se não demonstro é justamente para preservar o nosso namoro. Mas eu tenho, e muito. E você, parece que faz só para provocar...
- Não é verdade, você sabe que não, está sendo injusto comigo agora.
(...)”
O telefone tocou, ele, mais que depressa, foi à sua procura... O encontrou jogado em um monte de roupas...
Era ela...
“Eu sou sua menina e sempre serei, mas da maneira que estamos, está difícil. Meu amor por você vai muito além de qualquer outro sentimento. Porém, acredito que esteja mais do que na hora de reinventarmos o nosso amor. Há coisas que já não cabem mais entre nós”, disse ela, entre lágrimas, “insegurança, ciúmes, possessividade... Você sabe...”.
Que voz doce e suave aquela, seu coração acalmou-se de imediato e então, ele concordou: “Sim, minha pequena, está mais do que provado e aceito por nós dois que nosso amor é mútuo e sincero. E que há muito tempo somos nós e não simplesmente você e eu... Não sei escrever coisas bonitas, mas você sabe o quanto eu a amo. Tento sempre lhe passar isso. E a propósito, obrigado por ligar.”
Sorrisos mostraram-se dos dois lados da tela, as paredes refletiram azul-esperança e ondas positivas inundaram o quarto. Amor renovado, reinventado, recomeçado. Corações mais fortes e a certeza de que tudo será melhor.
(Texto produzido em aula)

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