quarta-feira, 28 de abril de 2010

Agostina Segatori

Bela garçonete do Café du Tambourim, trabalhava a muitos anos lá. Corpo violão, olhos negros e uma vasta cabeleira cor da paixão. A boca vermelha e carnuda fazendo-a parecer com uma boneca, despertava nos homens o fogo mais intenso, algo que por muito tempo havia sido esquecido, deixado para trás.
Apesar da idade, sua pele parecia ser feita do mais suave cobertor e sua voz, ah... aquela voz... aos ouvidos de uma criança era uma canção de ninar, para as amigas era o doce som da tranquilidade. E para os homens, seus homens, era a fantasia, o paraíso, a sedução... Capaz de provocar arrepios e suspiros até naqueles que se diziam os mais sérios e respeitáveis.
Ela era com certeza o mais doce mel que já provei.
Lembro-me muito bem daquela noite. Também, como poderia dar-me ao luxo de não lembrar?
Calçava um par de botas surrado, imundo. Rasgado em alguns lugares. Cadarço velho e encardido, cheio de nós e um pouco desfiado. Maquiagem já borrada com o choro, olhar cansado e uma capa de chuva que cobria todo o seu lindo e bem desenhado corpo.
A única coisa que a estragava era seu vício por cigarros.
Aproximou-se.
O bastante para conseguir sentir seu perfumo inebriante. Não conseguia compreender o que uma mulher como aquela estava fazendo aqui, àquela hora, deveria estar entretendo algum cliente. Mas aqui, em minha igreja?
A igreja era antiga, com lustres e candelabros na cor ouro, já enferrujados. Os bancos de madeira tomados por cupins foram arrecadados com doações e os vitrais estavam quebrados; aquelas crianças... ah se algum dia, eu botar minhas mãos nelas, eu sou capaz até de...
No chão, um tapete vermelho cobrindo o piso branco, da porta até Cristo que estava na cruz.
Por este tapete vermelho, que agora deito desesperado, foi que Agostina Segatori veio até mim.
E, sussurrando em meu ouvido, disse:
- Esta noite, padre, serei sua. Preciso me ver livre de todos os meus pecados, faria qualquer coisa para conseguir a absolvição...
Sem conseguir dizer nada, entreguei-me. Como uma criança entrega-se ao desconhecido.
Mal sabia o quanto me sentiria sufocado, preferindo a morte a viver sem Agostina Segatori.

(Texto produzido em aula)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Aprendendo a Recomeçar...

Sempre acreditei em segundas chances, e hoje acredito realmente que uma segunda chance pode mudar a vida de alguém. Errar não significa que você é uma pessoa má, mas sim que você é humano. Todos nós vamos cometer erros, sempre! Cabe a cada um de nós saber reconhecê-los e tentar mudá-los... não é fácil, eu sei. Mas, em nenhum momento eu disse que seria. Sei muito bem o quão difícil pode ser se reerguer depois de uma derrota; mas pode ter certeza que quando levantar, levantará com muito mais forças pra continuar a viver. Renovar valores é sempre bom. Ótimo é conseguir transformar todos os erros em aprendizado. Recomeçar, encontrar a luz e renascer. Buscar a felicidade... é disso que se trata a vida. Buscar um motivo para fazer o seu sol brilhar todos os dias, cada dia mais. Buscar a sinceridade e o amor nos olhos de alguém. Mas antes de buscar isso em alguém, busque dentro de você. É assim que tudo começa.

sábado, 3 de abril de 2010

Entre Príncipes e Bruxas...

Mais uma história sem final. Prefiro pensar assim a querer realmente entender o fim pois é triste demais. Imagina, você lutar por alguém e depois perceber que foi burrice, que não valia a pena. E então, precisa retomar tudo, embaralhar todas as cartas de novo e distribuí-las. Depois disso, cabe a cada um saber qual delas descartar, não de acordo com as regras, mas sim se acordo com as vontades e necessidades. Na sua vida, você encontrará príncipes, bruxas, e por incrível que pareça até algumas fadas que irão te ajudar, te aconselhar... serão como anjos! Encontrará também os camponeses, os lobos-maus, os caçadores, lenhadores, anões e também um espelho mágico. Entretanto, de todos, os mais perigosos são os príncipes e as bruxas; pois estes roubam teu coração e te deixam triste. E elas... bem, elas destrõem a tua vida; te dão uma maçã envenenada, te prendem em uma masmorra ou simplesmente te põem um feitiço. E o pior é que estes você não pode descartar, pois sem eles não tem história. Não tem mocinha em perigo e também apaixonada. Cabe a você saber jogar, saber que de falsos príncipes e bruxas boazinhas, o mundo está cheio. Não se iludir tão fácil ajuda muito... não confiar demais, também... E mais, saber que mesmo as fadas podem vir a te magoar, podem e vão! Aprender a compreender que não existem pessoas TOTALMENTE BOAZINHAS! Só assim, você poderá viver um história real, com final feliz.
Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não tá cabendo só no meu”. (Tati Bernardi)